Monday, April 04, 2005

1920 - 2005
O Papa era extremamente preocupado com o mundo em que vivia e, como eu, também sentia que na guerra somos todos perdedores.
- Kofi Annan, secretário-geral da ONU Posted by Hello

Gazeta de Cracóvia, Polônia, terra natal de João Paulo 2º
 Posted by Hello

A dualidade da tragédia e da dor I
A cotidiana tarefa do jornalismo de negociar entre as partes. Vencer o parcialismo e manter o equilíbrio em meio à chantagem das editorias. Posted by Hello

A dualidade da tragédia e da dor II Posted by Hello

A dualidade da tragédia e da dor III Posted by Hello

F A G U L H A S

Minhas condolências
Pelo mundo. O mundo ficou mais pobre em humanidade com a morte deste homem. Como cristão, a perda de João Paulo 2º foi imensamente sentida principalmente por perdermos um ideal de virtude, de doação e de intelectualidade. Difícil de ser substituído. Como muitos já disseram na tv, nos blogs e nas dezenas de sites, a morte do Papa será sentida por todos que lutam por uma vida mais digna, indiferentemente de sua religião ou credo.


Baita cobertura
Entre as quinze pras sete da manhã de sexta-feira, 1º de abril, e as quase três horas da madrugada de domingo, 3 de abril, Ricardo Noblat havia publicado em seu blog nada menos do que o equivalente a 45 páginas de Word, com a fonte no tamanho 12, sobre a agonia e morte do Papa.. O que impressiona também é a primazia de Noblat em revelar informações interessantíssimas e num teor de originalidade que substitui o conhecido furo do jornalismo tradicional. Parece que a briga mudou. A questão não é saber quem dá a notícia primeiro, porque quase todos dão juntos ou com minutos de diferença. Até porque são dependentes da tecnologia e um servidor pode superar o outro em agilidade. A batalha que se trava agora, a meu ver, é pela qualidade e, como já disse, originalidade das informações.

Bom exemplo: fiquei sabendo por Noblat que os jornalistas credenciados no Vaticano receberam pelo celular (isso, o Vaticano tbm manda torpedos!) que havia um importante e-mail esperando por eles nas redações. Era o link para o anúncio da morte de João Paulo 2º. Foi postado por Noblat o seguinte: “A agencia France-Presse, por exemplo, foi alertada às 21h.52, horário de Roma. O alerta dizia que havia um e-mail urgente para ela. O texto do e-mail dizia assim: - O Santo Padre morreu as 21,37 em seu apartamento privado. Todos os procedimentos previstos na Constituição Apostólica "Universi Dominici Gregis", promulgada por João Paulo II em 22 de fevereiro de 1996 entram em vigor.”


1º de abril
Esses tempos, há um pouco mais de um mês, recebi a ligação de um amigo que estava no ônibus e tinha ouvido dizer pelo rádio que o papa falecera subitamente. Não pode ser, pensei. Estava na frente do computador e passei a pipocar entre as páginas nos principais veículos de comunicação daqui e de fora. Nada. Ou o cara ficou louco, ou deram uma barrigada das feias ou era o maior furo que eu já havia presenciado. Descartada a hipótese, perdemos o contato e não nos falamos o dia todo. De noite, meu amigo confirmou a informação que eu havia lido na internet logo após a sua ligação: o papa “aparecera subitamente” na janela do hospital para abençoar os fiéis que por ele rezavam. Ainda não era a sua hora.

E dizem em tom de brincadeira que foi um alívio o Papa não ter morrido um dia antes. Imaginem a imprensa publicando a morte de tal figura no dia dos bobos...


Montanha dos Sete Abutres
Tão logo soube da morte de João Paulo 2º, passei a visitar sites importantes da minha lista de favoritos, pressionar a tecla PrintScreen e salvar a imagem em uma pasta do computador. Achei que seria, no mínimo, interessante ver uma dessas telas daqui algumas décadas. Assim como é hoje uma foto do passeio aquele, um jornal amarelado com uma capa importante, essas coisas. Me chamaram de urubu. Nem ainda havia me formado jornalista já estava explorando a morte de um Papa, disseram. Que nada. O fato visto como um acontecimento midiático também é algo digno de nossa atenção, não?


Mídia e o Poderoso Chefão
Tendo acabado o longo funeral, as atenções do mundo se voltarão para a chaminé que fica ao lado da Capela de São Pedro, no Vaticano. Depois de alguns dias de votação, quando algum cardeal receber dois terços do quórum, uma fumaça branca subira aos céus: “Habemus Papam”. Saberemos quem comandará a Igreja Católica a partir de então. Será a maior cobertura já feita pela televisão mundial da sucessão de um Papa. Pondo o glamour e o assédio de lado, ganhamos com a qualidade na recepção. Pessoas em qualquer parte do mundo acompanharão com detalhes e de todos os ângulos o ritual. Confiantes na hipótese de o sucessor não só agradar dois terços dos cardeais da Capela Sistina, mas boa parte dos pobres e sedentos de justiça no mundo todo.


Meninos do Rio
Fica de saldo negativo a cobertura feita pela mídia da maior e mais terrível chacina ocorrida no Rio de Janeiro. Enquanto acompanhávamos os eventos em torno da morte do Papa, centenas de pessoas choravam seus parentes mortos sabe-se lá por quem, sebe-se lá porquê. A paz lembra-se com saudade do ano de 1997. João Paulo 2º esteve no Rio e sua presença e carisma fizeram diminuir por um curto período o número de homicídios na cidade. Reforça-se a certeza de que não será uma tarefa fácil encontrar um sucessor com tal nível de santidade. Rechaça-se a postura do nosso governo em desviar o olhar para o Vaticano enquanto o crime dá mostras de que pode muito quando decide chamar a atenção.